quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Motivação...

Ontem (porque passa já da meia noite), levantei-me e cedo saí de casa com o intuito de ir para a unidade fabril onde me encontro ocasionalmente a trabalhar... Ocasionalmente, não por que apenas trabalhe ocasionalmente, mas sim, porque o meu trabalho se desdobra em diversos locais aos quais eu me dirijo várias vezes por dia.
Só no espaço de 2 km são 3 os locais de trabalho que tenho. No resto do país tenho outros 5, portanto trabalho não me falta e locais para o fazer também não. Mas adiante...

Então, ontem lá me dirigi a um desses locais para, em conjunto com outros membros das empresas que represento e nas quais trabalho, tentar aumentar numa pequena sessão, a motivação dos meus colegas e , consequentemente a sua participação nestes tempos que só não se adivinham difíceis porque na realidade já o são desde há muito...

A realidade é que, apesar de muitos não terem esta necessidade, pois já dão diariamente o seu melhor, outros há em que dá sempre um jeitinho especial se tiverem alguém, em frente a eles, a mostrar o que realmente sente e a pedir ajuda... Sim, pedir, pois nestas coisas, apelar ao sentimento é, além de mais eficaz, muito mais honesto que tentar agir com pulso de ferro, sobretudo se quem o tenta fazer não consegue esquecer que quem se encontra do outro lado da máquina, da secretária ou mesmo em casa do cliente é um ser com tantos ou mais problemas que nós...

Mas é complicado, sentir as dificuldades nos recebimentos, as pressões nos preços, ver as margens a cair, os aumentos dos preços das matérias primas, as exigências dos fornecedores, balancear tudo isto e no final do mês conseguir dizer " Conseguimos, pelo menos por mais um mês, ainda cá estamos...".

É um legado em risco, são trabalhos de vidas, são famílias que podem a qualquer momento cair desamparadas, enfim, tanta coisa, tanta preocupação... Sim, porque nestas situações, mais do que a nossa própria pele, são mais 30, 40, 50 outras nas quais temos que pensar e fazer os possíveis para não os deixar cair... E se caíssem? pensamos nós por vezes, o que lhes aconteceria? Créditos por pagar, comida para comprar, escolas e infantários para pagar... Os tempos de brincadeira já há muito que passaram... Agora é a sério...

O monopólio era giro, mas era dinheiro a brincar... Agora o jogo é outro... O dinheiro é a sério, o dedal, o sapato e todos os outros agora têm uma cara, as casas que se perdem agora são um lar e não apenas uma propriedade... Não quero, não posso nem vou deixar isso acontecer...

Por isso deixei de dormir, por isso penso e sofro diariamente... Pois estas vidas todas, de uma maneira ou outra estão agora ligadas à minha e, daqui a algum tempo (longínquo, espero eu), será para mim que se virarão quando o final do mês chegar e eu espero que, quando esse dia chegar, eu possa seguir a tradição que conheço hoje e então dizer novamente que, com a ajuda de todos " Conseguimos, por mais um mês ainda continuaremos aqui". E que esse mês dure para sempre...sempre...

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