quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Histórias reais...

A história que vou contar é real. É real e assisti a ela na primeira pessoa, hoje, ao levar a minha filha mais nova à escolinha... Lá estava eu com ela, a deixá-la para ir trabalhar quando vejo um pequenino de aproximadamente um ano, um ano e pouco vestido apenas com um body e uns collants. Não liguei muito, mas chamou-me a atenção aquele bebé com aquela indumentária. Tendo havido não só ali, mas um pouco por toda a parte um surto de gastroenterite logo associei que a criança tivesse vomitado e, por uma razão qualquer não tivesse uma muda extra de roupa lá na escolinha (chegou a acontecer á minha pequenina pois num só dia, vomitou duas vezes o que fez com que se acabassem por lá as mudas de roupa).
Mas não, por muito assustadora que fosse esta versão, não sei até que ponto não seria preferível à triste realidade que acabei por conhecer. A criança tinha sido entregue pela própria avó (geralmente tão doces, zelosas e até mesmo mais pacientes que nós, como pais) saído directamente da cama para o carro (sem casaco ou cobertor a cobrir o seu corpinho) e do carro para o infantário... Assustador saber que, quando perguntaram à avó assim que ela chegou se não tinha sequer um casaquinho para o menino (não sei como estava o tempo no resto do país, mas aqui nesta zona estava um gelo de manhã) ela respondeu "no carro estava quente e foi só sair do carro e entrar para aqui"... MAS QUEM É ESTA GENTE????
Uma criança que, vim a saber pouco depois, tinha estado doente (também não houvera escapado ao surto) e estava agora muito constipado e a própria avó, ao entregá-lo dissera "Eu já devia estar em Lisboa, a roupa dele está aí na mochila, vistam-no..." P***... A criatura nem tinha tido a decência de mudar a fralda ao menino, trazia uma fralda que parecia que tinha acabado de mergulhar no mar (não sei se já viram como ficam) completamente inchada e quase a chegar aos joelhos do menino... Eu nem queria acreditar que alguém, que tivera o bom senso de escolher aquele infantário (como terá acontecido?!?!), privado, seguro e um dos melhores da zona (claro que sou algo suspeita, mas digamos que tem uma muito boa reputação), fosse capaz de uma aberração destas e nem se preocupasse com o bem estar do próprio neto...
Na altura lembro-me que sairam da minha boca as seguintes palavras " pelo menos durante o dia ele está em boas mãos", mas o que é assustador é que quando chega a tarde, o pequeno principe tem de voltar para as mãos da bruxa má... Deplorável...
Outra situação que me aflige diz respeito a duas meninas... Até algum tempo atrás, andavam as duas no infantário privado, por questões financeiras, optaram por colocar a mais velha na pré-escola pública e manter apenas a mais pequena no privado ( o que eu consigo entender perfeitamente, pois nem todos têm capacidade financeira para ter todos ou algum dos seus filhos num infantário privado). O problema para mim começa quando descubro que a mãe das meninas é afinal, dona do seu próprio negócio ( tem empregadas, o que lhe dá uma certa flexibilidade de horários) mas mesmo assim, espera todos os dias, não pela hora de fecho, mas sim pelos últimos minutos da tolerência após o fecho, para ir buscar as meninas a cada um dos locais.
Ok, é uma escolha, a senhora até pode ter empregados, mas querer vigiar, controlar o negócio, tudo bem, cada um decide as suas prioridades... Se assim fosse... Mas quando vejo ( e já me tinham dito) a criatura num belo dia a chegar de chinelos de quarto vi que a realidade era bem mais assustadora do que eu a imaginava ( e eu que geralmente tenho uma imaginação tão fértil).
A casa da senhora fica a menos de 1 km de cada um dos locais onde estão as suas filhas (e as minhas também pois num lado temos o infantário da minha mais nova, e no local onde é a pré da outra menina encontra-se também o ATL da minha mais velha). Conclusão: a senhora deposita as filhas nos dois locais, mas mesmo que vá trabalhar em alguma altura do dia, acaba por ir para casa e por lá permanecer em vez de ir buscar as meninas... Também me contaram que, há alguns dias atrás, num fim de semana, a mãe estava a dormir, com todas as portas e janelas abertas e as duas meninas fugiram para o infantário tendo sido encontrados pela vizinha da frente que as levou de volta a casa. Agora pergunto, que casa é esta, em que duas crianças de 4 e 2 anos sentem mais segurança num infantário do que na sua própria casa??? Alguma coisa deve estar muito errada, não acham? Sinto tanta pena destes anjinhos todos...
Quando tenho conhecimento de histórias deste género ( e conheço ainda outras) penso que nem toda a gente deveria ter a capacidade de procriação... A selecção natural que garante a sobrevivência do mais apto deveria ter maneira de garantir que pessoas assim não conseguissem reproduzir já que, sabe-se lá como, conseguem juntar-se em pares aparentemente tão inaptos um como o outro... Quando me sinto culpada por não conseguir ir buscar as minhas meninas mais cedo ( e acreditem que me sinto culpada por isso muita vez) penso que pelo menos não o faço de forma intencional e não consigo sequer evitá-lo enquanto que estas criaturas... Mas apesar de ter muita pena, nada posso fazer, enquanto que às minha meninas posso pelo menos garantir o seu bem estar e o meu amor incondicional ...sempre...

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