terça-feira, 30 de dezembro de 2008

No fim do ano, uma história...

Há alguns dias atrás, “abracei” uma iniciativa que teve lugar em todas as escolas primárias do distrito de Leiria. A iniciativa (que aplaudo) consistiu em presentear todos os alunos do 1º ciclo do ensino básico do distrito de Leiria com um livro escrito pelo professor José Manuel Silva (Professor do Instituto Politécnico de Leiria ), com ilustrações da também professora Inês Massano Cardoso.

Tendo o particular intento de oferta, este livro não se encontra à venda em livrarias. Li esta obra às minhas filhas e as duas adoraram ouvi-la e fizeram muitas observações e perguntas (fáceis de responder – descansem).

Tenho pena que esta história não venha a ser comercializada, mas, como acho que a mesma é, na sua simplicidade, muito bonita e mostra às crianças que o valor das coisas não é, nem deve ser monetário, e que as melhores coisas da vida são gratuitas (como o é a imaginação), irei de seguida transcrevê-la de forma a que, sobretudo quem tenha filhos pequenos, possa deliciá-los com esta pequena obra literária. Mesmo porque nunca é cedo demais para começar a “viciar” as nossas crianças no mundo dos livros, não acham?

Assim vos deixo com “ Bonifácio e o cavalinho Imaginação”!
Sim, eu também achei que poderiam ter escolhido outro nome para um livro de crianças, mas, não terá sido propositado?
Talvez para ensinar às crianças desde tenra idade a não estranharem nomes e/ou pessoas. Se calhar alguns “Bonifácios” e “Gervásios” e outros do género enquanto crescíamos e… Talvez eu não tivesse franzido o nariz ao nome Bonifácio… Mas, nomes à parte, a história dirá tudo!

Feliz 2009!!!...Cheio de boas leituras!!!...

O Bonifácio era um menino sortudo, pelo menos era o que todos pensavam.
Nunca lhe faltara nada. Filho de pais abastados, habituou-se desde sempre a ter tudo o que queria. Toda a família lhe dava muitos mimos e como gostavam muito dele, estavam sempre a dar-lhe brinquedos, a oferecer-lhe gelados e a dar-lhe chocolates.

Mas o Bonifácio era um menino triste, muito triste. Ninguém sabia donde lhe vinha aquela tristeza. Quase nunca sorria e passava o dia a ver televisão e a comer pipocas.
Devia ser por isso que era infeliz, sempre afundado no sofá, com a tigela das pipocas numa mão e o comando da TV na outra.

Mesmo assim nunca deixava aquele ar triste, para desespero dos pais que não percebiam como podia o seu filho ser assim. Motivos para se sentirem tristes tinham os meninos pobres, pensavam eles, agora o seu filho, a quem nada faltava, não tinha razões para isso. Se lhe davam tudo, ele tinha a obrigação de sorrir e de ser feliz.

Como o Natal estava a chegar desafiaram o Bonifácio a deixar a televisão e as pipocas por um bocadinho para escrever uma carta ao Pai Natal a encomendar as prendas. O miúdo ficou confuso. Via tantos Pais Natal na televisão que ficou na dúvida a qual deles se dirigir.

Na noite de Natal o Bonifácio não arredava pé de frente do televidor pois estava desconfiado que era por ali que as renas haviam de aparecer com o seu dono carregado de prendas.

Enganou-se, foi na porta da frente que apareceu um enorme caixote cheio de lindos embrulhos.
Toda a família se pôs a ajudar o Bonifácio a abrir as prendas, cada uma mais bonita do que a anterior. Mas ele nem um sorriso, parecia até cada vez mais triste.

Foi então que viu um embrulho estranho. Era muito estreitinho e comprido e depois alargava como se fosse uma almofada e era molinho e quando se abanava ouvia-se um guizo. Era a prenda da avó Maria. Deixou as pipocas, pousou o comando da TV e começou com muito cuidado a desembrulhá-la.

De repente começou a sorrir como nunca antes acontecera. De entre o papel rasgado saiu um cavalinho. O corpo era o pau de uma velha vassoura. A cabeça fora feita com toda a ternura do mundo pela avó, que aproveitara uns panos castanhos que já não serviam, cortara-os com a ajuda de um molde, enchera-os de espuma, desenhara e pintara os olhos de verde, o nariz de azul e a boca de um vermelho bem vivo. Depois pusera-lhe umas rédeas e, não fosse o cavalinho perder-se, um guizo ao pescoço, parecido com os dos gatos.

O Bonifácio sorria muito contente para o cavalinho e este, coisa extraordinária, também lhe sorria. Experimentou montá-lo, que alegria. Nunca tinha sentido nada assim.
Chamou-lhe Imaginação. Olhou, sem entusiasmo para todos os outros brinquedos, caros e sofisticados, espalhados pelo chão, e sentiu o cavalinho relinchar como que a convidá-lo para uma viagem maravilhosa.

Fincou os pés nos estribos imaginários, segurou fortemente nas rédeas e deixou-se embalar por um galope sem fim.

A partir desse dia o Bonifácio foi o menino mais feliz do mundo. No seu cavalinho experimentou todas as aventuras, foi a todos os continentes, percorreu todos os mares, passou por todas as montanhas, fez imensos amigos e aprendeu coisas que ninguém mais sabia. Diz-se até que o Sol mais não é do que o seu sorriso feliz quando cavalga o cavalinho Imaginação.
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...sempre...

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