quinta-feira, 14 de maio de 2009

Desapareceu...

No fim de semana, assisti a um programa que versava sobre o enigmático desaparecimento de uma menina estrangeira quando de férias com os seus pais e irmãos em terras algarvias. Quem não conhece ainda esta história?
Uma das teorias debatida no programa era a morte acidental da menina que houvera (supostamente) caído junto ao sofá da sala tendo batido com a cabeça , o que lhe teria causado a morte, tendo sido posteriormente simulado um rapto da criança, como forma de ocultação.
Comecei a pensar na questão e eis que me vejo a perguntar: - Mas o que levaria um casal- pais, (com amigos à mistura) a fazer tal monstruosidade? Seria apenas para se livrar a uma possível condenação de homicídio por negligência?
Quem, de entre nós, não seria capaz de sentir que, acima de qualquer condenação possível de lhes ser posteriormente ministrada pelos braços da lei, não houvessem já sido condenados à pior de todas?
A morte ,por sua culpa, ainda que não intencional, da sua própria filha...Acredito que qualquer um de nós fosse sentir por estes pais uma extrema compaixão e simpatia, como aliás se verificou no início desta infindável história.
Qual de nós não teve o mesmo sentimento de compaixão por um pai que, cheio de stress e atrasado, deixa o seu próprio filho fechado por horas na sua viatura para apenas o voltar a ver já sem vida? Este pai, mesmo que condenado por esse "esquecimento", já tem para si uma condenação perpétua... A de não mais ver o seu filho, e a pior de todas, a de se culpar para a vida por esse facto...
Mas, dados os momentos que vivemos, com o stress que acompanha a nossa vida, qual de nós nunca fez algo, ou deixou de fazer (ainda que ,felizmente, sem consequências de maior) , para poder agora criticar estes que sofrerão as consequências dos seus actos (involuntários ou impensados) para o resto dos seus dias?
Antes de criticar, devemos pensar em nós, no que já nos aconteceu:
- Nunca me esqueci de calçar o meu filho e levá-lo para a escola de pantufas? ( já me aconteceu, aliás, aconteceu às minhas duas filhas no mesmo dia). Nada de grave, mas...
- Nunca cheguei ao trabalho e me lembrei que o meu filho tinha feito uma birra para comer os cereais e eu tinha acabado por levá-lo para a escola sem que ele tivesse tomado o pequeno- almoço, tendo ligado então para a escola para que lhe dessem algo para comer? ( Esta, confesso que não me aconteceu a mim, mas a uma colega de trabalho)
- Nunca me virei para uma montra, ou falei para alguém que não via à algum tempo e, de repente, deixei de ver a minha filha? ( Durante alguns segundos, é certo, mas não parecem eternidades???)
Não! Não critico o que possa ter acontecido à criança citada no início (ainda desaparecida), nem o que realmente aconteceu à segunda (infelizmente, já longe de nós), critico sim, na primeira situação, a forma como, caso a hipótese apresentada seja verídica e a menina tenha realmente sofrido um acidente naquela noite, a situação foi tratada e camuflada por aqueles que, mais que ninguém, tudo deveriam fazer para preservar e honrar a sua memória , já que nada mais podiam fazer pela menina.
Quem sabe o que aconteceu? E nós, chegaremos alguma vez a saber? Onde quer que esteja, espero pelo menos que esteja em paz... O anjinho!!!!
...sempre...

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